sexta-feira, 6 de julho de 2012

Artilheiro Paraíba

Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.

Homem gol. Centroavante na acepção da palavra. José Valquírio Barbosa veio da Paraíba para fazer parte da história do futebol maranhense. Jogou no Moto e Sampaio e conquistou títulos pelos dois clubes. Um acidente de ônibus ocorrido em 1975 com o time do Sampaio matou Paulo Espanha e acabou com a carreira de atleta de Paraíba. Mas ele soube dar a volta por cima, transformando-se em um dos melhores técnicos do Maranhão.
O garoto nascido em Sapé (05/07/1945) e criado em Cabedelo, cidade da Paraíba, transformou-se em atleta profissional. Participou em 1961 do Campeonato Paraibano como centroavante do Estrela do Mar Futebol Clube. Despontou e no ano seguinte já estava com contrato assinado no Fortaleza esporte Clube do Ceará, aos 17 anos de idade. Até 1966, Paraíba conquistou três títulos.
O atleta passou a ser respeitado dentro da pequena área. Os adversários sabiam que não podiam deixa-lo pegar na bola. Tinha um aproveitamento excelente e sempre estava dentre os artilheiros das competições que participava. De raciocínio rápido, pernas hábeis e boa colocação, o oportunista Paraíba ia fazendo nome no Ceará. “Tive em Fortaleza dois grandes técnicos: Moézio Gomes e Dante Biane. Me passaram grandes ensinamentos”, conta ele porque tamanha habilidade na posição.
Em Fortaleza, teve uma outra grande oportunidade, a de conhecer Júlia, com quem se casou em 1966, ano em que foi vendido ao Ferroviário Atlético Clube (CE). Nesse clube, jogou ate 1969. Depois de ser emprestado para o Treze, de Campina Grande, entrou na justiça e conquistou passe livre, tendo o cuidado de assinar contrato de um ano.
Sua vinda para o Sampaio aconteceu quando estava jogando no Calouros do Ar, time da base aérea da capital cearense. Indicação do radialista gaúcho Dionísio da Ponte, que trabalhava na Rádio Educadora de São Luis. Veio para disputar o Nordestão em 1971 e saiu como artilheiro. Foram apenas três meses. Assinou depois disso contrato com o Tiradentes, do Piauí, em 1972. Nesse mesmo ano, voltou para fazer parte da forte equipe do Sampaio, campeã do Brasileirinho. Após essa competição, retornou para o Tiradentes, campeão de 1972 e 1973.
Homem-gol já conhecido das torcidas e dos dirigentes maranhenses, Paraíba foi novamente chamado, agora para reforçar o Moto. Em 1973 não deu para ser campeão (título do Ferroviário). Mas em 1974 o rubro-negro investiu e levou o título jogando com atletas do quilate de Edson e Jurandir (goleiros); Esteves, Neguinho, Sérgio Marreca, Ivan, Nestor, Gojoba, Soares, Santana, Lima, Paraíba e Coelho.

 Moto Club em 1973: em pé - Ivan, Neguinho, Irineu, Gojoba, Breno e Dé; agachados - Lima, Santana, Paraíba, Luis Augusto e Coelho. 

Moto Club campeão em 1974: em pé - Marçal Tolentino Serra (técnico), Edson Esteves, Neguinho, Sérgio, Antônio Carlos, Barros (supervidor) eJúlio Buhatem (diretor de futebol); agachados - Lima, Santana, Paraíba, Soares e Coelho.

Um fato interessante desse ano é que como morava em um hotel com Júlia, Paraíba aceitou o convite e foi para a casa do quarto-zagueiro do Sampaio, Sérgio Marreca. Os dois já se conheciam desde o Ceará. A amizade tornou-se forte entre eles. Mas terminaram se estranhando entre um Moto e Sampaio. O moto precisava da vitória. Saiu um escanteio quase no final na partida. Sérgio Marreca prende a bola, retardando o jogo. “Eu queria vencer. Esqueci que morava com Sérgio e parto pra cima dele. Por pouco não metia-lhe a mão na cara. Depois do jogo rimos muito do acontecido”.

Sampaio Corrêa em 1971: Brito, Prado e Paraíba

Em 1975 os dirigentes do Sampaio trazem Paraíba de volta. Nesse ano ele encerrou sua carreira de atleta após sofrer um acidente sério. O ônibus do Tricolor ia para Imperatriz e capotou na madrugada do dia 25 de Setembro, matando Paulo Espanha. Paraíba sofreu fratura em quatro vértebras da coluna, do osso pubiano, rotura do músculo da coxa esquerda, lesões no menisco e ligamentos do joelho. Ficou uma semana em coma.
O contrato com o Sampaio havia sido assinado até 1976. Confiando em ter Paraíba de volta aos campos, o dirigente Humberto Castro renovou contrato com o centroavante por mais dois anos. A recuperação não aconteceu. De jogador, foi levado à condição de auxiliar técnico. Em 1978, já como técnico, pôde retribuir a confiança da diretoria com o título estadual, que tinha, dentre outros jogadores, Juca Baleia, Ivanildo, Cabrera, Rosclin, Bimbinha, Cabecinha e Edésio.
A partir daí o Sampaio passou a ser a vida dele. Participou como auxiliar técnico e técnico nas eventualidades, de todos os títulos conquistados pelo clube desde então: campeão em 1980, penta de 1984 a 1988, tri de 1990 a 1992 e o bi de 1997 e 1998. Espera ainda por muitas alegrias com o futebol, que o consagrou no Maranhão.

2 comentários:

  1. Hugo, bonita história de Paraíba. Comentei o post de 5-4. O CD de hinos de clubes maranhenses existiu mesmo? Quanto custa nas lojas daí?

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  2. Oi, Daniel... Esse CD eu postei no blog, mas o link expirou. depois posto la. Abraços

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