sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Misael, xerife do Vitória do Mar

Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.

Antes de mais nada, Misael faz questão de dizer que é maranhense de São Luis e que sente orgulho de ter jogado futebol em uma época em que os craques afloravam nos campeonatos e torneios da segunda e primeira divisões. Ele vestiu as camisas do Ferroviário, Moto, Sampaio Corrêa e Vitória do Mar – onde foi campeão invicto em 1952. Conquista merecida por um jogador que exercia uma liderança natural dentro de campo. Aliás, ele foi um guerreiro leal, que impunha respeito aos atacantes adversários e aos próprios companheiros.

Raçudo, corajoso, forte, determinado. Assim era desde menino, Misael Santos Moraes. Ele não fugia de uma boa briga. Limitado tecnicamente, se sobressaia por ser aplicadíssimo taticamente. Nascido em 16 de Dezembro de 1931, morou no João Paulo, Monte Castelo e Madre Deus. No João Paulo, deu os primeiros chutes no campo do São Paulo, que ficava nos fundos da casa onde morava. “Eu jogava tanto que esquecia a hora de ir para o colégio. Quando entrava em casa,, minha mãe me passava um sermão e me dava um surra brava. No outro dia lá estava eu de novo”, mostrando desde pequeno que sabia o que queria ser quando crescesse.

O primeiro time mais conhecido que atuou foi o famoso Flamengo do Monte Castelo. Com 10 anos de idade, já vestia a camisa do segundo quadro do rubro-negro. Começou na ponta-direita. Os amigos sentiram que, pela garra que tinha, se jogasse na defesa se daria muito melhor. “Eu não gostava de perder. Quando ia pra zaga, os caras sentiam dificuldade em passar pra mim Quanto maior era o atacante, mais eu sentia vontade de mercá-lo”. Um de suas características era que gostava de jogar falando, orientando seus companheiros. Quando chegava junto era para desarmar o atacante ou fazer falta, porque tinha que parar a jogada. Não era desleal, mas jogava duro, com muita seriedade. Dava tranquilidade aos goleiros e aos companheiros de defesa.

Quando erava com 16 anos de idade (1947), Misael se transferiu do Flamengo do Monte Castelo para o Canto do Rio, do Apeadouro, que disputava a segunda divisão do campeonato estadual. Uma época marcante. “Joguei ao lado de Peru, Dico Preto – irmão do famoso zagueiro Neguinho – e João Batista. A segunda divisão dessa época era disputada por equipes dos principais bairros de São Luis. Tinha muita gente boa”.

Três anos foram suficientes para ele se formar como zagueiro central e ser indicado para o Vitória do Mar Futebol Clube, time que era mantido pelo Sindicato dos Estivadores de São Luis. Foi levado pelo amigo Abdias, que jogava no São Paulo do Bairro do João Paulo. Em 1950 o Vitorinha pegou só experiência no campeonato da segunda divisão. Em 51 foi vice campeão, ficando atrás do General Sampaio, time que era formado por soldados do 24º Batalhão de Caçadores. “O interessante nessa passagem é que o campeão da segundona subiria para a primeira divisão. O General Sampaio, por ser um time do exército, não quis subir. Ai surgiu a nossa oportunidade”. O Vitória do Mar subiu e fez bonito. Conquistou pela primeira e última vez o título do Campeonato Maranhense de Futebol da Primeira Divisão de forma espetacular e invicto. A estiva fez a festa merecidamente. A final contra o Maranhão Atlético Clube teve o placar de 2x1. Os dois gols foram marcados por Gafanhoto. Os campeões: Batatais (Dico Preto), Misael e João Cinco; Lourival (Chapola) e Gordo Lelé); Zé Rocha, Abmael, Benedito, Gafanhoto, Ferreira (Ivan) e Lobato. Técnico: Valdemar de Almeida, um funcionário dos Correios que depois foi dirigir o Sampaio Corrêa. “O que mais nos orgulhos nessa conquista foi o fato de todos os componentes do time, incluindo comissão técnica, serem maranhenses. Mostramos que sabíamos jogar, tanto ou mais que os jogadores que foram contratados de outros Estados para defender os chamados grandes clubes do nosso futebol. Até hoje os estivadores falam desse time com muito orgulho”. Depois do titulo conquistado no Vitória do Mar, Misael passou a ser mais respeitado. Ganhou confiança nas antecipações e aprimorou os cabeceios em campo. O reconhecimento maior veio com a convocação para a Seleção Maranhense. 

Misael nunca levou desaforos para casa. Nesse ano, um fato marcante aconteceu jogando contra o Moto. O atacante Nabor, que era ídolo motense, andou dando umas cotoveladas nele, que não amedrontaram. Ai mesmo foi que resolveu chegar junto de Nabor, não o deixando pegar mais na bola, ganhando na bola e na porrada do craque motense.

Em 1953, Misael foi participar do Torneio Centenário da Cidade de Teresina jogando pelo Sampaio Corrêa. Conquistou mais esse título. “O Sampaio tinha um bom time. Era o Baltazar no gol; Justino Veras, Cosmo, eu e Quadrado; Henrique Santos e Coroba; Nerimar, Batistão, Lourival e Kikiki. O Presidente sampaíno era o Capitão PM Godinho”. Depois de defender o Sampaio Corrêa por empréstimo no Torneio de Teresina, Misael foi vendido para o América/CE. “Não dei sorte lá. Na estreia contra o Gentilande, ganhamos por 7x1, mas eu me contundi sério no joelho esquerdo. Acabei rescindindo o contrato e voltei para São Luis”. Aqui chegando, Misael foi convidado para trabalhar na Estiva e jogar pelo Vitória do Mar, time que o consagrou. Em 1961, atuando com Bastos no gol, Neguinho, Vareta, Misael e Corrêa; Zequinha e João Cristóvão; Joãozinho, Pelezinho, Pedro Bala e Bodinho (Batalha), o Vitória do Mar conquistou o título estadual por direito, só que de fato, numa armação da Federação Maranhense de Desportos, segundo Misael, o título ficou com o Sampaio Corrêa. “Foi um fato lamentável. Ganhamos em campo e perdemos no tapetão. Vão ficar me devendo essa pelo resto da vida”. Desiludido com o fato ocorrido, os diretores do Sindicato dos Estivadores resolveram acabar com a equipe de futebol profissional.

Seleção Maranhense em 1953: em pé - Misael, Terrível, Walber Penha, Negão, Biné e Esmagado; agachados - Pitú, Nabor, Laxinha, Zezico e Joãozinho
 
Os atletas foram para os principais clubes de São Luis. Misael, com era funcionário do Sindicato, ficou jogando amistosos pelo Ferroviário, MAC, Moto e Sampaio. “Bastava um desses times receber a visita de grandes equipes da região e do sudeste do país que eu era convocado para jogar. Tive o prazer de enfrentar o São Paulo, Vasco da Gama, Botafogo, Santos, Fluminense e outros grandes da região”.

Em 1963 Misael ainda vestiu a camisa do Moto por uma temporada que acabou não dando em nada. Era o fim para ele. Ou melhor, seria o fim. Em 1968, atendendo aos apelos do cunhado Wilson de Moraes Wan Lume – árbitro profissional renomado em nosso estado – Misael voltou aos campos como atleta e técnico do São José Futebol Clube, time do Bairro João Paulo. Um ano depois (1970), quando já ia completar 40 anos de idade, nosso xerife resolveu parar com a bola profissionalmente. Nessa época era empregado da Estiva e da LBA (Legião Brasileira de Assistência).

3 comentários:

  1. oi sou filho do josé carlos durans o zequinha ponta direita que jogou muito tempo no vitoria do mar queria saber se voçes tem fotos ou outro tipo de arquivos relacioana a ele pois gostaria de ter uma foto do meu pai ? hoje ele mora na madre Deus na avenida rui barbosa

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  2. Oi, Carlos, sou eu, Hugo, proprietário do Blog. Gostaria de um contato seu, pois tneho interesse em conversar com o seu pai, o ponta Zequinha, para algo relacionado ao blog. Abraços!!!

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  3. oi meu amigo desculpa por só agora olhar o blog , hoje me emocionei com umas fotos que olhei do meu pai, meu contato é esse
    (98) 88798105 ou 3232 13 64 meu e-mail é carlos_theBoni@hotmail.com , ficarei muito feliz em recebe-lo em nossa residencia, já que você é esse blog muito show cara vc estar de parabéns , moramos na Madre Deus na avenida Rui Barbosa casa 175 ao lado do bar ponto de fuga 1 , meu pai é uma figura aqui na madre Deus muito querido fica fácil encontrar ele, todo mundo chama ele de PIPA ou Zequinha o ponta esquerda do VITÓRIA DO MAR .
    Depois de muito anos de desilusão com o futebol chateado com futebol maranhense por tudo que aconteceu, até mesmo com vários problemas de saúde, ele passou mais de 20 anos sem ir no estadio e essas semanas que se passou conseguimos levar ele pra olhar os jogos do Sampaio e do moto, também ficou muito feliz em olhar a foto do vitória do mar muito obriago, obrigado mesmo ......

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