quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Pedro Ernesto “Maçarico” Costa

Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.

Ele herdou do tio e do pais duas coisas: o apelido Maçarico e o gosto pela bola. Começou a jogar no Visconde de Mauá, time dirigido por um padre da Paróquia do Monte Castelo. Passou pelo Vianense, do mesmo bairro, Bangu do Bairro de Fátima e Paysandu, do Centro. No Nascente, do Anil, alcançou o sucesso e o reconhecimento. Assinou contrato profissional com o Maranhão Atlético Clube e participou dos campeonatos de 1954 a 1960.

A família Costa fez história no futebol. Os irmão Elesbão e Jaime Damião da Costa (Maçariquinho), respectivamente tio e pai de Maçarico, formaram dupla famosa no Maranhão Atlético Clube e Sampaio Corrêa. O tio era conhecido como Maçaricão e o pai, como Maçariquinho. Pedro Ernesto, como filho mais velho de Maçariquinho, acabou ganhando o apelido de Maçarico. Vieram junto o gosto e o prazer de jogar futebol.

Nascido em São Luis no dia 13 de Setembro de 1934, Maçarico, com pouco tempo de vida, foi morar com a avó Joana no Bairro Codozinho, Centro de São Luis. Aproveitava os finais de semana para rever o pai, a mãe Joana Passos Costa, os irmãos Pivide, Coelho (que foi atleta profissional do Ferroviário, Moto e Maranhão) Nelma(jogadora de futebol, que mora hoje no Rio de Janeiro) e Cecília. No Monte Castelo, batia ‘pelada’ com Laxinha, Aurino, o irmão Pivide e outros amigos. Com 14 anos ele vestiu pela primeira vez a camisa de um time organizado. Foi no Visconde de Mauá, dirigido e organizado por um padre da Paróquia do Monte Castelo. Rapidamente o garoto franzino, que jogava elegantemente no meio de campo, ganhou destaque e foi convidado para integrar o Vianense, também do Monte Castelo. “Fomos os quatro: eu, Pivide, Laxinha e Aurino. Todos conheciam muito futebol”. Com esse entrosamento, em pouco tempo eles foram transferidos para o Bangu do Bairro de Fátima e depois para o Paysandu, do Centro.

A diferença entre Maçarico e os outros companheiros era a técnica que mostrava em campo. Sabia desarmar muito bem e passava a bola de primeira. De cabeça erguida, acompanhava as jogadas e se deslocava por todo o campo. Também faziam muito bem as coberturas dos laterais. Em sua outra especialidade, a cobrança de falta, batia seco na bola, imprimindo velocidade e efeito, fazendo muitos gols.

Com 17 anos de idade (1951), foi treinar com o time dos gráficos de São Luis, no Estádio Giordano Mochel, no Bairro do Anil. Teve a sorte de ser observado pelo presidente do Nascente, Francisco Marreiro, que ficou encantado com o futebol jogado por aquele cabeça de área esperto, inteligente e elegante “O seu Francisco soube que meu primo Alberto morava lá no Anil e pedi para ele me convencer a jogar no Nascente, um time muito tradicional do Ano. Aceitei o convite. Em pouco tempo já estava defendendo o clube que aprendi a gostar e que faz parte da minha vida até hoje”.

Em um dos jogos do Nascente realizado no Estádio Giordano Mochel, no final de 1953, Arel, zagueiro do Maranhão Atlético Clube, estava por lá e ficou impressionado com a facilidade com que Maçarico tomava conta do meio de campo. Pressentindo que ali estava um grande jogador, convidou-o para fazer um teste no “Glorioso”. Bastou um treino. Maçarico foi aprovado e passou a ser atleta profissional ao lado de Derval, Nunes, Cabeça, Moacir Bueno, Nélio, Moraes, Neto Peide Pedra, Joca, Rabelo ‘Carne Assada’, Zé de Arthur, Jaime, Edison Moraes Rêgo e outros feras da época. Mesmo com um elenco dessa grandeza, não jeito de conquistar um título. “Não tivemos a felicidade de ser campeão estadual pelo MAC. Foram sete anos no grupo e o máximo que chegamos foi ao vice-campeonato. Uma pena!”, lamenta.

 Maranhão em 1959: em pé – Rabelo ‘Carne Assada’, Zé de Arthur, Maçarico, Cabeça, Moacir Bueno e Moacir Graça; agachados – Moraes, Jaime, Nélio, Edison Moraes Rêgo e Joça

 Maçarico, o último agachado, no Maranhão Atlético Clube em 1959


Através do MAC, Maçarico foi empregado no Siorge (Serviço de Obras Gráficas do Estado do Maranhão). Apesar de ser torcedor do Sampaio Corrêa, assim como quase toda a família, ele não arriscava deixar o clube atleticano, que lhe havia proporcionado a segurança de um emprego fixo. Em 190, quando já estava com 26 anos de idade, resolveu parar com o futebol profissional por causa de algumas injustiças que não gosta nem de lembrar, “Deixei o clube sem mágoa alguma. Apenas me desestimulei, ao ponto de esperar a reversão da minha categoria, de profissional para amador, para que eu voltasse a vestir a respeitada camisa do Nascente”. Em 1961 o craque retornou ao Nascente, passando a disputar vários campeonatos anilenses. Com o trio de irmão (Maçarico, Pivide e Coelho), mais o pai Maçariquinho, a equipe arrasava os adversários. Em certa vez o Nascente ia decidir o título do campeonato do bairro contra o Bahia, de Pelezinho, Carlos Alberto, Buti, Alípio, Preto, Lessa e companhia. O Presidente do Bahia, Major Pereira dos Santos, perguntou ao Tenente Guterres, profundo conhecedor de futebol anilense, o que precisaria fazer para que o Bahia vencesse a decisão. A resposta veio curta e grossa: “só mandar prender em um sitio longe do Anil o pai e os irmãos Maçarico (Maçarico, Pivide e Coelho). Caso contrário, esqueça a possibilidade de vitória sobre o Nascente com eles”. A história é lembrada pelo craque Pivide, que ainda sorri do receio dos adversários do passado. Até completar 40 anos de idade (1974), Maçarico jogou no Nascente. Foi campeão anilense várias vezes.

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