quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Tragédia no Nhozinho Santos em 1967

Em 1967 ocorreu talvez a maior tragédia já registrada dentro do nosso futebol profissional. Era a reabertura do Estádio Municipal Nhozinho Santos, com a presenta de mais de 20 mil pessoas. Deixo aqui um texto extraído do livro “Memória Rubro-Negra: de Moto Club a Eterno Papão do Norte” (páginas 1951/52), onde há o relato da tragédia que deixou muitos feridos:

Construído em 1950, o Nhozinho Santos foi colocado de pé para o engrandecimento do nosso futebol. Os nossos clubes, então, foram melhorando sensivelmente os seus respectivos planteis. E de lá até o ano de 1963 o estádio era o principal ponto de atração dos desportistas locais aos domingos, feriados e até mesmo em dias úteis. De certo tempo, o Colosso da Vila Passos foi envelhecendo com suas paredes ruindo e o gramado desgastado. Novamente o Dr. Euzébio, à frente da Prefeitura Municipal de São Luis, surgiu e determinou a sua demolição e reconstrução de pouco a pouco. Com a sua saída da prefeitura, tomou as rédeas da cidade o agora Prefeito Epitácio Cafeteira, que arcou com as responsabilidades do prosseguimento das obras e a passos longos deu uma nova cara ao recinto de jogo. A empresa responsável pelas obras foi a Edel Azar (guarde bem este nome...), muito sugestivo para o que ocorreria na reinauguração do estádio, onde aconteceria talvez a maior tragédia já registrada naquela praça de esportes, durante a inauguração da ampliação lances de arquibancadas. De acordo com os engenheiros responsáveis, o local abrigaria cerca de 20 mil expectadores, chegando assim a uma capacidade similar a outros estádios recém construídos, como em Belém e Fortaleza. O Nhozinho Santos seria reaberto como parte das comemorações pelo primeiro aniversário de governo José Sarney. O Santa Izabel, que durante a paralisação do Nhozinho passou por uma pequena reforma e foi reaberto e utilizado para as competições estaduais, ­ caria para as disputas dos jogos amadores ou treinamentos dos clubes. Falava-se, inclusive, em demolir o velho campo da fábrica, a ­ m de se aproveitar o terreno para a construção de uma vila residencial.

O MAC foi o escolhido para a partida de reinauguração, no dia 31 de Janeiro de 1967, contra o América de Fortaleza, que vinha de uma excursão pelo Pará. O Quadricolor seria reforçado por atletas de Moto, Ferroviário e Sampaio Corrêa - o Papão emprestou o zagueiro Alzimar e a Bolívia atendeu ao pedido e emprestou os jogadores Cadinho e Carlos Alberto. Na preliminar, jogariam as Seleções amadoras do Maranhão e do Amapá, pelo Campeonato Brasileiro da categoria.

 Parte do alambrado no chão

 Sapatos, chinelos e pertences amontoados


No dia 31, às 9h00, em uma grande solenidade, o Governador José Sarney cortou a ­ ta simbólica, entregando juntamente com o Prefeito Cafeteira aquela praça de desportos a toda torcida maranhense. Dando início aos jogos, pela manhã os times formados pelos funcionários da Prefeitura e os operários da firma Edel Azar jogaram amistosamente. Às 14h00, as seleções maranhense e amapaense empataram em 2 a 2, na preliminar de MAC e América, com o estádio totalmente cheio (jogo com portões abertos, com cerca de 30 mil pessoas para um estádio com capacidade para 20 mil, sendo bem acentuado o número de crianças e senhoras). Quando a partida chegava ao final da sua primeira etapa, uma caçamba começou a despejar pedras na calçada da Catulo, por conta das obras não-concluídas do estádio. Pelo barulho, alguém gritou: “o cimento quebrou! A geral está caindo!”. Isso foi o bastante para que povo descesse desordenadamente os vários degraus, lançando-se sobre o recém-construído alambrado e derrubando-o totalmente numa extensão de mais de 100 metros, pisoteando os que caíam ao chão. Muita gente foi parar no campo de jogo. O policiamento pequeno não conseguiu manter a massa. Vários médicos que estavam no local socorreram os feridos, enquanto veículos o­ oficiais e particulares ajudavam na remoção dos feridos para o Hospital do Pronto Socorro, Presidente Dutra, Centro Médico e outros, com um saldo final foi aproximadamente 100 torcedores feridos, alguns em estado grave. Na partida principal entre Maranhão e América, novamente um incidente: quando ainda se encontrava em decurso os primeiros 14 minutos de jogo, outro irresponsável lançou uma tábua sobre um tonel vazio, originando novo pânico, com novas correrias e várias pessoas lançando-se do muro que circunda o campo para a rua. Diante disso, foi determinada a suspensão da partida em caráter de­finitivo. “É, deu azar” mesmo...
 

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