quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Valber dos Santos Diniz

Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.

Ele nasceu em Cururupu, cidade do interior do Estado. Com dois anos de idade foi trazido pelos pais para São Luis. Aqui, começou a tomar gosto pelo futebol logo cedo. Chegou ao Águia Negra através de Zé Aroso. Rapidamente passou para o Aliados Esporte Clube (Liberdade), tricampeão da Segunda Divisão. Mostrando competência e já famoso, Válber dos Santos Diniz (Válber Cabeção ou Válber Brigador) ingressou no Comercial de Caxias. Aos 19 anos de idade, assinou o seu primeiro contrato de atleta profissional com o Sampaio Corrêa, mesmo sendo um fervoroso motense. Atuando pela defesa, fazia questão de ser respeitado pelos atacantes adversários. Jogava firme, leal, na bola, porém, não desprezava uma boa briga e nem levava desaforo para casa, Encerrou a carreira precocemente no Campo Grande (RJ).

A história está apenas começando. Oton Ferreira Diniz e Lenir dos Santos Diniz são os paus de Válber dos Santos Diniz, filho único, nascido a 28 de Outubro de 1936, em Cururupu. Toda a família chegou a São Luis em 1938 e foi morar na rua Afonso Pena, no Centro da capital maranhense. Depois de passar por outros endereços, acabaram fixando residência no Bairro da Liberdade. Com 15 anos de idade, Válber, enturmado, batia peladas no campo da Salina do Matadouro, juntamente com Calambão, Rei da África, Piu, João Pipira, Chamorro e outros colegas.

O grande ídolo de Válber nessa época era o lateral direito do Vasco da Gama (seu time de coração), Paulinho Almeida, que já passou por São Luis treinando o Moto Club. “Gostava de vê-lo jogar. Era bom na marcação e ajudava muito nas jogadas de ataque do Vasco. Nas nossas peladas eu procurava imitá-lo. Foi assim que fui descoberto pelo Zé Aroso, dono do Águia Negra, time famoso do futebol amador da Ilha”, relembra.

A estreia de Válber no Águia negra foi interessante. “Lembro-me bem que o goleiro titular não foi e Zé Aroso me botou para substitui-lo. Ganhamos o jogo e eu fui o destaque da partida. A baliza (gol) ficou pequenininha para os atacantes adversários. Acabei ficando mais oito meses na posição como titular”. Um dia, Zé Aroso deu a Válber a chance de jogar na lateral-direita. Não precisou nem dizer, mas ele tomou conta da posição, caracterizando-se como um grande marcador. Era baixinho “cerca de 1m65 de altura), mas não tinha medo de ninguém. “Dançava conforme a música. Se não me dessem porrada, eu também não dava. Agora, se algum atacante partisse para jogo duro, eu também partida. Eu era ruim de aturar”.

Um ano e meio depois, convidado por Jabota, foi para o Aliados Esporte Clube, do Bairro da Liberdade, onde disputaria o Campeonato da Segunda Divisão do futebol amador de São Luis. “Também jogavam no Aliados, Calambão, o próprio Jabota, Careca, Mosquito, João Pipira, João Goleiro, Edésio, Piu, Charque e outros. Formamos um time de chegada, de respeito. Iniciamos um tricampeonato de 1953 a 1955”. Em 1954, servindo o exército do 24º Batalhão de Caçadores, fez parte do time da corporação e depois do General Sampaio, que era a seleção do quartel. Quem recorda é Jabota, na época Cabo do Exército, amigo e companheiro de Válber do Bairro da Liberdade.

Depois que deu baixa no exército, Válber voltou a jogar apenas no Aliados. Em 1955, aceitou convite para defender o Comercial de Caixas, cidade do interior do Estado. Destaca dois amigos, que chama “amigos de fé”: Oscarzinho e Gentil (irmão de Calazans, que foi atleta e técnico de várias equipes maranhenses). Não deu certo em Caxias. Me menos de quatro meses retornou a São Luis e ao Aliados. No início do segundo semestre de 1955 o Aliados foi jogar na preliminar de Sampaio e Moto - Estádio Santa Izabel – contra o Santos, que era dirigido pro Jafé Mendes Nunes, radialista e apaixonado por esporte. “Matei a pau! Fatiguê, então técnico do Sampaio Corrêa, estava vendo o jogo e indicou a minha contratação ao então Presidente do clube, o professor Ronald Carvalho. O Presidente foi em casa, conversou com meus pais e acertou o meu ingresso no Tricolor de São Pantaleão. Mesmo sendo motense na época, fiquei satisfeito em tornar-me profissional pelo arqui-inimigo do meu time, Moto Club”.

 Uma das formações do Sampaio Corrêa em 1955: em pé – Terrível, Milson Cordeiro, Chamorro, Válber, Serra “Pano de Barco” e Biné; agachados – Macaco, Regino, Barrão, Lourival “Bazar de Barulho” e Pedro Bala


Aos 19 anos de idade (segundo semestre de 1955), passou a viver uma experiência ímpar, encontrou vários craques: Gibreu e Chamorro (goleiros), Milson Cordeiro, Terrível, Macaco, Biné Moraes, Serra “Pano de Barco”, Cândido, Canhotinho, Regino, Barrão, Lourival “Bazar de Barulho”, Pedro Bala e, depois, reforços como Nilson (ponta-direita do América/RJ), Vadinho (zagueiro-central do Santa Cruz/PE), Fernando Carlos (centroavante do Santa Cruz/PE) e Maneco (meia-esquerda paraense) “O grupo era bom. Infelizmente não conseguimos nenhum título”. Em 1955 e 1956, o Moto levou o bi. Em 1957 e 1958 a máquina Ferroviário Esporte Clube foi quem atropelou os adversários. Em 1959 e 60 deu Moto de novo. Nesse período, nunca foi reserva e nunca se machucou. Ao contrário, mandou alguns adversários para o departamento médico dos seus clubes. Ganhou fama e dois apelidos: Cabeção e Brigador.

No início de 1960, já casado e com um filho, Válber foi para o Rio de Janeiro. Antônio Bento Catanhede Farias, então diretor do Sampaio Corrêa, intermediou a ida dele para o Campo Grande, que era treinado por Esquerdinha (ex-craque do Flamengo/RJ) e que contava no clube com jogadores do nível de Guilherme, Ventuir, Caboclo, Dorival, Helinho (goleiro), Garcêz e outros mais modestos. “Cheguei e me firme como titular da lateral-direita. Foram três anos de muita satisfação”. No quarto ano, veio a desmotivação. “Fui para a reserva. Os salários não eram pagos em dia. Como eu era motorista profissional, resolvi largar a bola aos 28 anos de idade e fui ser carreteiro (quem dirige carretas) em Taubaté, no interior de São Paulo.
 

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