quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Antônio Chulipa Ramalho, craque da Bolívia Querida

Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.

Antônio Ramalho começou no juvenil do Maranhão Atlético Clube. Com coragem, determinação, humildade e responsabilidade, acabou se destacando no futebol maranhense, goiano, mineiro e brasiliense. Ficou conhecido no mundo da bola com vários nomes: Toinho, Antônio, Chulipa e Ramalho Um maranhense que tem muito orgulho de sua história e da sua terra.

Antônio Augusto Ramalho Corrêa nasceu no Bairro da Jordoa, no dia 15 de Abril de 1944. É o quarto de uma família de nove irmãos. Bem cedo mudou-se para o Bairro da Coréia, onde deu os primeiros passos com a bola. Era conhecido como Toinho. Nos dias de jogos do campeonato maranhense de profissionais, Toinho ia para o Municipal Nhozinho Santos, onde vendia laranjas. “Eu ficava imaginando como era boa a vida dos boleiros. Eu os via sempre paparicados e ficava sonhando em um dia ser como eles”, diz sobre o que mais tarde viria a se tornar realidade.

Palmeirense de coração, o garoto teve a idéia de fundar a Sociedade Recreativa Palmeiras, em 13 de Novembro de 1960. Fundou a equipe e jogou nela. Como se destacou, foi chamado para o juvenil do Maranhão Atlético Clube. “Me lembro bem dessa época, em 1961. O técnico era Calazans. Joguei só uma temporada no MAC. Um ano depois pude realizar meu grande sonho, que foi vestir a gloriosa camisa do Sampaio Corrêa”.

Toinho jogava no juvenil do Sampaio Corrêa e continuava vendendo laranja em frente aos portões principais do Nhozinho Santos. “Um dia Antônio Bento me viu vendendo as laranjas e me disse que jogador do Sampaio não seria vendedor de laranjas. Ele comprou todo o meu estoque, pediu para eu dar as laranjas e entrar com ele no estádio. Contente, chamei um amigo e disse para ele vender as laranjas para mim que eu dividiria o dinheiro apurado com ele e fui para o jogo. Nessa tarde, assisti ao jogo e ganhei dinheiro de dois lados. Foi inesquecível essa passagem”.

Em 1962, quando chegou ao Sampaio Corrêa, Toinho se encontrou com feras: Milton, Botão e Enemer (goleiros), Chico, Lourenço, Roxo, Pompeu, Parodi e outros. Dois anos depois, assinou contrato de atleta profissional e vivem um tempo de glória. “1964 foi um ano de ouro para o Sampaio. Fomos campeões da categoria aspirante, Bicampeão do Torneio Início, Bi da Taça Cidade de São Luis, Campeão Estadual e do primeiro Torneio Maranhão/Piauí. O nosso futebol de salão se sobressaiu com Djalma, Fifi, João Bala e companhia”. No ano seguinte, a receita foi dobrada. O Sampaio Corrêa conquistou o Bi Aspirante, o Tri do Torneio Início, o Tri da Taça Cidade de São Luis e o Bi Estadual. “O que mais me orgulha dessa época é que o Sampaio era formado por dez jogadores maranhenses e só um de fora, que era o zagueiro Osvaldo, que tinha vindo do Rio de Janeiro. Presta atenção no time: Catolé no gol, na linha vinham Nivaldo, Quincas, Osvaldo, Vico, Pompeu, eu (que já era chamado por Antônio), Cadinho, Jesuíno, Carlos Alberto e Racha”. Todos jogavam por amor à camisa e enchiam a torcida de orgulho.

 Sampaio Corrêa campeão de 1965/66 Em pé: Catolé, Osvaldo, Nivaldo, Quincas, Vico e Pompeu; Agachados: Antônio, Cadinho, Jesuíno, Carlos Alberto e Ribamar Racha

 Sampaio Corrêa campeão em 1961: em pé: Ernani Luz, Omena, Chico, Antônio, Cláudio Ferreira (diretor), Roberto, Vadinho, Rinaldi Maia (técnico) e Antônio Bento Farias Catanhede (diretor); Agachados: Zé Raimundo, Batuel, Peu, Walfredo, Carioca, Jarbas, Nivaldo, Sabará, João Bala e Pernambuco (auxiliar de massagista)

 Sampaio Corrêa em 1965: em pé - Vadinho, Osvaldo, Manga, Maneco, Walfredo e Nivaldo; agachados: Jarbas, Jocemar, Antônio, Peu e Joel

 Sampaio Corrêa campeão em 1964: em pé - Vadinho, Manda, Omena, Walfredo Carioca, Maneco e Bero; agachados: Ernani Luz (massagista), Antônio, Maioba, Jarbas, Sabará e Chico

Sampaio Corrêa em 1964

No segundo semestre de 1966, Antônio se mudou para o Distrito Federal. Treinou e aprovou no Cruzeiro brasiliense. Destacou-se por lá da mesma forma que já havia feito no futebol maranhense. Jogava de ponta-direita ou de centroavante, explorando o seu ponto forte que era a velocidade e a resistência física. Gostava de arrancar com a bola nos pés para a linha de fundo ou em diagonal, da ponta para o meio. Criava muitas oportunidades de gol e dava dor de cabeça aos marcadores. Era corajoso e quanto mais apanhava mais ia para cima. Lá ficou conhecido como Ramalho. Um ano e seis meses depois que chegou no Distrito Federal, começou a andança de Ramalho pelo pa´si. Em Anápolis/GO, defendeu o Ipiranga e acabou conhecendo Nelson Gama, que depois veio a ser técnico do Sampaio Corrêa. Em Minas Gerais passou pelo Araxá, América, Formiga, Atlético Mineiro e Valério Doce.

Moto Club em 1969: em pé - Paulo, Paulo Figueiredo, atleta não identificado, Almeida, Pinto, Pereira, Osvaldo, Alzimar, Geraldo, Manga e Assis; agachados - Corrêa, Antônio, atleta não identificado, Toca, João Bala, Marcílio, Pelezinho e Cadinho

Em 1969, veio passar férias em São Luis e acabou jogando 30 partidas no Moto Club. “Eu, Carlos Alberto, o goleiro Assis, Oberdan e Pinha ganhávamos por jogo disputado no Papão. Só assinei contrato no ano seguinte, depois que retornei do Rio de Janeiro, onde passei rapidamente no Bangu e Campo Grande. Voltei a ser o Antônio e ainda ganhei outro apelido: Chulipa”. Em 1971, Antônio Chulipa foi Campeão Estadual defendendo o Ferroviário Esporte Clube, que tinha Martins no gol, Ailton, Alzimar, Vivo e Antônio Carlos; Valdiná, Mineiro e Carlos Alberto; Antônio Chulipa, Juarí e Coleho. “Foi o mestre Marçal Tolentino Serra que me deu a oportunidade de estar no meio dessas feras”. De 1972 a 1991 Antônio Chulipa rodou muito. No Ceará defendeu o Calouros do Ar. No Distrito Federal, atuando pelo Brasília Esporte Clube, foi campeão brasiliese em 1976. Jogou sete anos no Vitória do Mar e nove anos (1983 a 1991) no Boa Vontade. “Em 1990/91 fui considerado o jogador mais velho em atividade no Brasil. Eu estava com 46/47 anos e ainda corria atrás da branquinha”. É ou não motivo de orgulho ter um jogador, que além de talentoso, tinha uma saúde de ferro?

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