quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Ex-presidente da República chefia delegação do CSA em jogo contra o Moto Club em São Luis

Trecho excluído do livro "memória Rubro-Negra: de Moto Club a Eterno Papão do Norte":

O final de 1975 no futebol maranhense foi marcado pela realização de um Torneio Quadrangular Interestadual Antônio Bayma, com a presença de Sampaio Corrêa, Moto Club, CSA de Alagoas e do CEUB, de Brasília. A princípio, a Confederação Brasileira de Desportos não foi favorável à realização de um torneio desse porte em nossa capital, justificando que a verba que dispunha a CBD já não permitia despesas elevadas e se comprometia apenas em patrocinar a vinda, à nossa capital, do CEUB e mais o Tiradentes (PI) ou o Fortaleza. A mentora máxima do futebol brasileiro não patrocinaria jogos de clubes que não fossem de capitais vizinhas a São Luis. Uma coisa, porém, era consenso entre os dirigentes: o encerramento da competição seria entre Moto Club e Sampaio Corrêa, numa partida em caráter de revanche após a final do Campeonato Maranhense daquele ano, vencida pelo Sampaio Corrêa frente aos rubro-negros. 

 No dia da posse, o mais jovem presidente da história do CSA cumprimenta o antecessor, José Maurício Breda

Na partida que garantiu a vaga para o Brasileiro de 1974, o atacante Misso marca o terceiro gol contra o CRB

Após tentativas entre FMD e CBD, confirmou-se a participação dos representantes de Alagoas e Brasília para o Quadrangular. O CEUB era uma equipe já conhecida do nosso futebol, pois atuou em duas oportunidades contra o próprio Moto Club pelo Campeonato Brasileiro de 1973, ano em que o futebol maranhense estreou na elite nacional. O Centro Sportivo Alagoano (CSA), por sua vez, era um ilustre desconhecido, nunca havia atuado em solo maranhense. As delegações ficaram alojadas no Lord Hotel e os promotores do torneio amistoso fizeram gestão com o Governo do Estado, para responsabilizar-se pelas hospedagens das duas agremiações convidadas. Nos bastidores, um fato que chamou bastante a atenção na época: Antônio Bento Farias havia se reincorporado ao Moto Club, agora para o cargo se Supervisor do Departamento de Futebol, deixando de lado a sua antiga função de comentarista na Rádio Ribamar, onde Antônio Bento trabalhava até aquele momento. O seu retorno causou surpresa dentro dos círculos esportivos de São Luis, que achavam essa volta muito difícil, pelo menos enquanto estivesse na diretoria o Dr. Pereira dos Santos, o principal líder do movimento que o depôs da presidência do clube no início dos anos 70.

A primeira rodada o Torneio foi um verdadeiro fisco para o nosso futebol, frente a duas equipes sem nenhuma expressão no futebol nacional até aquele momento: no dia 02 de Dezembro, Sampaio Corrêa, na preliminar, e Moto Club, na partida principal, perderam pelo placar de 1 a 0 para CEUB e CSA, respectivamente. O Papão, treinado por Marçal Tolentino Serra, entrou com a sua força máxima na partida contra os alagoanos: Nei; Haroldo, Menezes, Zé Luís e Irineu; Gojoba e Luís Augusto; Lima, Serginho, Riba e Cláudio. Evidente que a diretoria do Papão não ficou nada satisfeita com a estréia. Antônio Bento teve carta branca para reestruturar todo o departamento de futebol do Papão, apresentando um relatório com sugestões de medidas a serem tomadas para o melhor funcionamento do clube. Naquela oportunidade, o clube alagoano sagrou-se campeão do torneio amistoso em nossa capital e o Moto, na última rodada, goleou o Tricolor pelo placar de 3 a 0, devolvendo a derrota na final do Campeonato Maranhense. Um fator curioso, porém, passou despercebido naquele momento, no Torneio Quadrangular Interestadual Antônio Bayma: “pouca gente se recorda, mas [...] chefiando a delegação do CSA [...] estava Fernando Collor de Mello, então deputado, que mais tarde se tornaria Presidente da República” (O FUTEBOL..., 2001, p. 4). O Centro Sportivo Alagoano era o clube de propriedade da família Collor.

O então lateral direito Valdir Espinosa, chega ao CSA, contratado pelo próprio Collor

Em uma ascensão fulminante, Collor, filho do Senador Arnon Afonso de Mello, se tornou o mais jovem presidente da história da República brasileira. A sua vida política, porém, começou bem cedo: aos 24 anos, em apenas um mês, passou do cargo de Conselho Deliberativo para o seu primeiro mandato presidencial à frente do Centro Sportivo Alagoano, o CSA, no dia 7 de Setembro de 1973 (data do 60° aniversário do clube), quando ainda era um ilustre desconhecido. "Fernando Collor de Mello tornou-se conselheiro no dia 7 de agosto e a 3 de setembro era eleito por aclamação – forma que impôs para aceitar o cargo, pois não queria concorrer com outro candidato” (A PRIMEIRA..., 2012). Desde então, Collor não demonstrava vontade em debater idéias contrárias às suas. Durante seu primeiro ano, prestou uma homenagem a Garrincha logo no segundo jogo, conquistou o estadual de 1974 e garantiu o direito do CSA de disputar uma vaga no Campeonato Brasileiro do ano seguinte.

Definitivamente Collor caiu nos braços da torcida azulina. Montou ele mesmo, com um estilo centralizador e sem ajuda de um diretor de futebol, um time forte, contratando no Rio Grande do Sul cinco jogadores, entre eles o lateral-direito Valdir Espinosa. Tempos depois, contratou Luiz Felipe Scolari como treinador campeão alagoano em 1982, naquela que foi a primeira experiência do gaúcho como técnico de futebol. O CSA tem garantiu, então, uma notoriedade suficiente para as urnas. Dirigente de futebol goza de grande prestígio junto à torcida – e independente do senso crítico dela (vale destacar que o CSA tem sua sede localizada no Bairro do Mutange, um dos mais pobres de Maceió). Com a candidatura de sua mãe, Leda Collor de Mello, para deputada federal pela Arena, Collor se licenciou do cargo em Agosto de 1974, alegando não querer usar a influência junto à torcida para favorecê-la. Voltou em seguida ao cargo, presidindo o CSA até 1976, passando, inclusive, por São Luis, um ano antes, chefiando a delegação do clube azulino. Após a sua experiência à frente do cargo de Presidente do CSA, Fernando Collor de Mello iniciou uma carreira pública que o levou à Presidência da República, com mais de 33 milhões de votos. Em 1992, Collor passou por todo o processo de impeachment - e o resto da história todo mundo já conhece...

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