terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Garrincha, o gênio das pernas tortas, jogando em Pinheiro, em 1972


Garrincha, um dos maiores ídolos da história do Botafogo carioca, marcou em definitivo o seu nome na história do futebol brasileiro com o sugestivo apelido de “alegria do povo”, pelo seu original jeito de jogar, com dribles abusados e suas jogadas divertidas. Mané, como também era conhecido, disputou exatas 60 partidas pela Seleção Brasileira e encantou a todos em três Copas do Mundo - Suécia (1958), Chile (1962), das quais o Brasil foi campeão, e Inglaterra (1966). Com ele, o Brasil obteve 52 vitórias e 7 empates. Além da sua identificação com o alvinegro carioca, Garrincha também atuou pelo Corinthians, Flamengo, Olaria e em diversos outros times de menor expressão do futebol brasileiro e estrangeiro, antes de falecer em 1983, em decorrência de uma cirrose hepática. Já acometido pelo alcoolismo, fato que marcou a sua trajetória paralela aos gramados, o seu futebol começou a declinar em 1963, em virtude de uma artrose no joelho. Garrincha nunca mais seria o mesmo.

A partir de 1972, Garrincha participou de inúmeros jogos amistosos pelo Brasil e pelo exterior com o Milionários, time formado por veteranos em fim de carreira ou simplesmente já aposentado dos gramados, o time da AGAP-RJ (Associação de Garantia ao Atleta Profissional do Estado do Rio de Janeiro) e diversas equipes amadoras da Itália. Realizou inúmeras partidas amistosas por incontáveis equipes amadoras e semi-profissionais sem expressão das mais variadas cidades interioranas do país. Naquela época, quando os campeonatos estaduais acabavam, os times grandes, sobretudo os cariocas e paulistas, saíam em excursão pelo Norte e Nordeste, para movimentar o futebol daquelas regiões e principalmente o caixa, garantindo o salário dos jogadores. Em grande parte desses jogos, Garrincha, a atração principal e já em estado deplorável de saúde por conta do alcoolismo, apenas entrava em campo, acenava para a torcida e saía antes dos 15 minutos iniciais. Essas partidas não tinham sequer valor para as estatísticas oficiais do jogador. Mesmo assim, durante esses jogos festivos pelo extremo Norte do Brasil, Garrincha mostrou o peso da sua popularidade, chegando a estabelecer recorde de público em Rondônia e diversas cidades do interior. Por onde passava, recebia da torcida brasileira as justas e carinhosas demonstrações de respeito e até uma série de títulos e outras honrarias, como aconteceu no Acre. Apesar do seu estado, um dos maiores pontas que o futebol mundial teve a oportunidade de presenciar esteve em São Luis.

Além de São Luis, Garrincha ainda exibiu-se na cidade de Pinheiro, em um evento patrocinado pela Prefeitura Municipal da cidade e da Liga Pinheirense, e em Bacabal, no campo do Ramal. Nessa cidade, uma particularidade: antes da partida, os organizadores do evento foram buscar Garrincha no hotel, mas, para espanto, o craque havia sumido. O encontraram algumas horas depois: Garrincha pegou uma gaiola e se meteu no mato, atrás de passarinho, uma das suas maiores diversões desde quando ainda era garoto, no Rio de Janeiro. Após o sucesso de público e principalmente de renda com a vinda de Garrincha ao Maranhão, o Dr. Bento, que anteriormente já havia trazido a São Luis os campeões mundiais Nilton Santos e Vavá, este último atuando pelo Sampaio Corrêa, pensou em promover em nossa capital as presenças do lateral direito Djalma Santos e do goleiro Gilmar, que figuraram durante muito tempo na Seleção Brasileira, para o mês seguinte. O próprio Garrincha levou a correspondência do dirigente motense a respeito do assunto, faltando unicamente a marcação da data do encontro que o Moto bancaria, contando com os dois craques que viriam pela primeira vez à capital maranhense. A vinda dos dois atletas, contudo, nunca foi concretizada.

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